Nos últimos anos, a saúde mental no trabalho deixou de ser um tema secundário e passou a ocupar o centro das discussões sobre qualidade de vida, produtividade e sustentabilidade das empresas.
Para os profissionais de RH, compreender a NR 1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais é essencial, já que ela estabelece diretrizes que impactam diretamente a prevenção e gestão de riscos psicossociais.
O que a NR 1 estabelece
Revisada em 2019, a NR 1 trouxe mudanças significativas para a gestão de saúde e segurança no trabalho, introduzindo o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Esses instrumentos exigem que as empresas:
- Realizem identificação de perigos e avaliação de riscos (incluindo riscos psicossociais);
- Definam medidas de prevenção e controle;
- Façam o acompanhamento contínuo e atualização do PGR;
- Promovam treinamento e capacitação dos trabalhadores, com foco também em riscos ligados à saúde mental.
👉 Na prática, isso significa que o bem-estar psicológico deixou de ser apenas um diferencial de responsabilidade social e passou a ser também uma obrigação legal e estratégica.
Impacto da saúde mental nas empresas
A importância de integrar a saúde mental ao GRO se confirma em números:
- A OMS aponta que depressão e ansiedade geram a perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano, custando cerca de US$ 1 trilhão à economia global.
- No Brasil, a ANS registra que transtornos mentais já estão entre as principais causas de afastamento do trabalho.
- O INSS relatou que, em 2023, afastamentos por transtornos mentais e comportamentais ficaram atrás apenas das doenças musculoesqueléticas.
- Segundo a Deloitte (2022), empresas que investem em programas de promoção de saúde mental têm retorno médio de US$ 4 para cada US$ 1 investido.
Esses dados reforçam: ignorar a saúde mental custa caro — tanto para as empresas quanto para a sociedade.
Riscos psicossociais: exemplos práticos
Entre os principais fatores de risco que devem ser avaliados no PGR estão:
- Excesso de carga de trabalho e prazos irreais;
- Assédio moral e sexual;
- Falta de reconhecimento e feedback;
- Ambiente de trabalho tóxico;
- Gestão autoritária e ausência de apoio da liderança;
- Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Sem monitoramento, esses fatores aumentam a probabilidade de adoecimento mental, afastamentos, queda de engajamento e rotatividade.
O papel estratégico do RH
O RH tem papel central em transformar as exigências da NR 1 em ações práticas. Algumas iniciativas fundamentais incluem:
- Mapear riscos psicossociais no PGR;
- Desenvolver treinamentos regulares sobre saúde mental, prevenção do assédio e comunicação assertiva;
- Implementar programas de apoio psicológico (como parcerias com clínicas ou programas de apoio ao empregado);
- Aplicar pesquisas de clima e engajamento como ferramenta de diagnóstico contínuo;
- Sensibilizar líderes e gestores para reconhecer sinais de sofrimento emocional;
- Monitorar indicadores de saúde mental (absenteísmo, turnover, afastamentos pelo INSS).
👉 Quando o RH assume esse protagonismo, a organização consegue não apenas cumprir a legislação, mas também fortalecer sua marca empregadora e reter talentos.
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🚀 Conclusão
A NR 1 não se limita a questões técnicas de segurança do trabalho. Ela abre espaço para uma visão integrada entre saúde física e mental, exigindo que o RH atue como agente de transformação na criação de ambientes de trabalho mais saudáveis, sustentáveis e produtivos.
Mais do que atender à legislação, investir em saúde mental alinhada à NR 1 é garantir competitividade, retenção de talentos e redução de custos.
